Os delatores da Odebrecht contaram ao Ministério Público
Federal detalhes de um esquema que movimentou bilhões em propinas em grandes
obras pelo país. Os depoimentos foram divulgados em abril; veja as íntegras.
Segundo levantamento do G1, as irregularidades atingem projetos importantes no
Distrito Federal e em pelo menos outros 11 estados: Amazonas, Bahia, Ceará,
Espírito Santo, Goiás, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul,
Rondônia e São Paulo.
MAPA: Veja detalhes de
cada obra da Odebrecht citada em delações
Ex-executivos da empreiteira revelaram pagamentos de propina
a políticos e funcionários públicos, formação de cartéis para conseguir obras,
fraudes em licitações, como a combinação de preços, e superfaturamento. Um dos
instrumentos mais usados para elevar o valor das obras era a criação de
aditivos no contrato, que faziam seu valor original multiplicar.
Encaminhados pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal
Federal (STF), os casos agora serão investigados pelo Ministério Público
Federal dos respectivos estados.
Mesmo tendo consumido muito dinheiro dos cofres públicos,
algumas obras ainda estão inacabadas. É o caso da usina nuclear Angra 3, no Rio
de Janeiro, e a Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco.
Em nota, a Odebrecht informou ser de responsabilidade da
Justiça a avaliação de relatos específicos feitos pelos seus executivos e
ex-executivos. "A empresa colaborou com a Justiça, reconheceu os seus
erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as
autoridades brasileiras e da Suíça e com o Departamento de Justiça dos Estados
Unidos, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer
de suas formas", diz nota da empresa.
Veja a seguir a situação dos principais casos levantados nas
delações:
Amazonas
A Arena da Amazônia, em Manaus, é uma das obras que foram
superfaturadas, segundo delatores da Odebrecht. Inicialmente, o estádio estava
orçado em R$ 499 milhões e foi concluído por R$ 669,5 milhões – valor 34%
maior. Delatores também disseram que, na licitação para a cobertura do estádio,
a concorrência foi frustrada por causa de um acordo entre a Odebrecht e a
Andrade Gutierrez, a empresa responsável pela obra.
Bahia
Um ex-diretor da Odebrecht admitiu, em delação premiada,
irregularidades na licitação para obras na orla da Barra, em Salvador. No
entanto, os documentos que estão no Supremo Tribunal Federal (STF) não detalham
os crimes. A revitalização da orla custou aos cofres da prefeitura R$ 62
milhões – R$ 4,4 milhões a mais do que o previsto inicialmente. Isso aconteceu
porque a Odebrecht fez aditivos ao contrato, cobrando, por exemplo, por
implantação de redes coletoras de esgoto e apoio ao assentamento de redes de
gás natural.
Ceará
Segundo os depoimentos, um acordo de mercado assegurou o
vencedor das obras do Transfor, um conjunto de intervenções no trânsito de
Fortaleza. Também houve irregularidades, segundo as delações, na concorrência
para as obras da Arena Castelão, executadas entre 2010 e 2012.
Arena Castelão (Foto:
Welington Macedo/Agência Diário)
Fonte: G1