Repentista Geraldo Amâncio é um dos destaques do Ceará.
A Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada pela Câmara
Brasileira do Livro (CBL), chega à sua 24ª edição, com atrações
multiculturais voltadas para celebrar a leitura. O evento ,que ocorrerá
de 26 deste mês a 4 de setembro próximo, no Anhembi, reunirá as
principais editoras, livrarias e distribuidoras e trará ao público
atrações exclusivas, com presença de autores nacionais e internacionais,
lançamentos de livros, tardes de autógrafos, oficinas, brincadeiras e
debates.
Em parceria com a Câmara Cearense do Livro, o Espaço Cordel e Repente
terá programação diversificada e plural, com foco nestas manifestações
da cultura tradicional. Um leque de atrações artísticas como
declamações, cantoria, shows de artistas, oficinas, rodas de conversa,
palestras, painéis e exposições ocuparão o estande que será ambientado
com temáticas da estética nordestina.
O estande terá diferentes obras da literatura de cordel e do repente,
que serão comercializadas pelos próprios autores/artistas. O visitante
poderá adquirir livros, folhetos, CDs, DVDs e gravuras autografados, com
direito a muitos “dedos de prosa e verso”. Numa carreta-palco
acontecerão apresentações diversificadas e haverá um espaço multiuso
para oficinas, rodas de conversa e ponto de encontro com autores e
ilustradores.
Entre as apresentações artísticas destaque para Paulo Araújo, autor da canção I-margem, da trilha sonora da novela Velho Chico.
Estarão presentes a autora Edmara Barbosa e o maestro Rafael Luperi. O
cantor Xangai, que representa um violeiro na novela Velho Chico e
ganhador do 27º Prêmio da Música Brasileira (2016) na categoria “Melhor
Cantor”, Socorro Lira, Adelson Viana, que já atuou como sanfoneiro de
Fagner e Elba Ramalho e como parceiro de Dominguinhos, e o cantor,
compositor e escritor cearense Eugenio Leandro farão shows apresentando
canções com temáticas ligadas à tradição oral.
Nas declamações o destaque para o paraibano e cordelista Chico
Pedrosa, um dos maiores declamadores da atualidade, e o potiguar Antonio
Francisco, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, além
de Rafael Brito, jovem maestro-declamador, prova inconteste do quanto
essa tradição está viva. As duplas de repentistas cearenses Geraldo
Amâncio e Zé Maria de Fortaleza, Edmilson Ferreira, do Piauí, e Antônio
Lisboa, do Rio Grande do Norte e o multifacetado mestre baiano
Bule-Bule, dançador de samba rural, cantador repentista, cordelista e
músico darão o tom e a cor da mais pura tradição das artes do improviso.
Haverá ainda apresentação de teatro de bonecos com o pernambucano
Waldek de Garanhuns e um sarau da Companhia do Cordel de São Paulo, que
mistura declamação e teatro.
Estará exposta a produção de editoras cearenses com foco nos textos
em cordel – Armazém da Cultura, Conhecimento, Demócrito Rocha, IMEPH e
LITTERE – além das especializadas em tradicionais folhetos e romances,
típicos “versos de feira” da literatura de cordel, como a Tupynanquim
(CE), Queima Bucha (RN) e Coqueiro (PE), também produções independentes
de cordelistas, com presença de alguns dos maiores nomes do cordel
brasileiro, o cearense Klevisson Viana, ganhador do Jabuti 2015, Antonio
Francisco (RN), Arievaldo Viana (CE), Crispiniano Neto (RN), Marco
Haurélio (BA/SP), Rouxinol do Rinaré (CE), Moreira de Acopiara (CE/SP),
Costa Senna (CE/SP) e Gonçalo Ferreira (CE/RJ).
Nas artes gráficas e visuais, grandes nomes da xilogravura como
Stênio Diniz, João Pedro do Juazeiro, José Lourenço e do consagrado
ilustrador Jô Oliveira, cuja obra é referenciada na xilogravura e arte
cerâmica do Mestre Vitalino, estarão expondo seus trabalhos e
ministrando oficinas. Destaque para novos valores da gravura como
Nireuda Lomgobardi e Valdério Soares.
As oficinas Como se faz cordel, Como se faz repente e Como se faz
xilogravura serão ministradas por grandes nomes do cordel, pelo
repentista e cordelista Crispiniano Neto, pela escritora e cordelista
Arlene Holanda, Lenice Gomes e xilogravadores. Serão 18 oficinas com
vagas para 16 pessoas, cada. As inscrições estarão abertas a partir das
13h do dia 26 de agosto no espaço.
Os painéis, palestras e rodas de conversa destacarão os contextos
socioculturais que permeiam as manifestações do cordel e do repente e
sua interação com outras linguagens na contemporaneidade. Tratarão ainda
de temas ligados à educação, como o uso do cordel em sala de aula.
Entre os palestrantes, além dos já citados cordelistas, repentistas e
xilogravuristas, têm destaque os pesquisadores Assis Ângelo (PB/SP),
Alice Amorim (PE), Arlene Holanda (CE), Crispiniano Neto (RN), Fábio
Cardoso (SP), Fabiano dos Santos (CE) e Josy Maria (CE).
(Foto – Paulo MOska)