domingo, 21 de agosto de 2016

Ceará terá espaço de cordel e repente na Bienal internacional do Livro de São Paulo

 amancio
               Repentista Geraldo Amâncio é um dos destaques do Ceará.
 
A Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), chega à sua 24ª edição, com atrações multiculturais voltadas para celebrar a leitura. O evento ,que ocorrerá de 26 deste mês a 4 de setembro próximo, no Anhembi, reunirá as principais editoras, livrarias e distribuidoras e trará ao público atrações exclusivas, com presença de autores nacionais e internacionais, lançamentos de livros, tardes de autógrafos, oficinas, brincadeiras e debates.

Em parceria com a Câmara Cearense do Livro, o Espaço Cordel e Repente terá programação diversificada e plural, com foco nestas manifestações da cultura tradicional. Um leque de atrações artísticas como declamações, cantoria, shows de artistas, oficinas, rodas de conversa, palestras, painéis e exposições ocuparão o estande que será ambientado com temáticas da estética nordestina.

O estande terá diferentes obras da literatura de cordel e do repente, que serão comercializadas pelos próprios autores/artistas. O visitante poderá adquirir livros, folhetos, CDs, DVDs e gravuras autografados, com direito a muitos “dedos de prosa e verso”. Numa carreta-palco acontecerão apresentações diversificadas e haverá um espaço multiuso para oficinas, rodas de conversa e ponto de encontro com autores e ilustradores.

Entre as apresentações artísticas destaque para Paulo Araújo, autor da canção I-margem, da trilha sonora da novela Velho Chico.

Estarão presentes a autora Edmara Barbosa e o maestro Rafael Luperi. O cantor Xangai, que representa um violeiro na novela Velho Chico e ganhador do 27º Prêmio da Música Brasileira (2016) na categoria “Melhor Cantor”, Socorro Lira, Adelson Viana, que já atuou como sanfoneiro de Fagner e Elba Ramalho e como parceiro de Dominguinhos, e o cantor, compositor e escritor cearense Eugenio Leandro farão shows apresentando canções com temáticas ligadas à tradição oral.

Nas declamações o destaque para o paraibano e cordelista Chico Pedrosa, um dos maiores declamadores da atualidade, e o potiguar Antonio Francisco, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel, além de Rafael Brito, jovem maestro-declamador, prova inconteste do quanto essa tradição está viva. As duplas de repentistas cearenses Geraldo Amâncio e Zé Maria de Fortaleza, Edmilson Ferreira, do Piauí, e Antônio Lisboa, do Rio Grande do Norte e o multifacetado mestre baiano Bule-Bule, dançador de samba rural, cantador repentista, cordelista e músico darão o tom e a cor da mais pura tradição das artes do improviso. Haverá ainda apresentação de teatro de bonecos com o pernambucano Waldek de Garanhuns e um sarau da Companhia do Cordel de São Paulo, que mistura declamação e teatro. ­

Estará exposta a produção de editoras cearenses com foco nos textos em cordel – Armazém da Cultura, Conhecimento, Demócrito Rocha, IMEPH e LITTERE – além das especializadas em tradicionais folhetos e romances, típicos “versos de feira” da literatura de cordel, como a Tupynanquim (CE), Queima Bucha (RN) e Coqueiro (PE), também produções independentes de cordelistas, com presença de alguns dos maiores nomes do cordel brasileiro, o cearense Klevisson Viana, ganhador do Jabuti 2015, Antonio Francisco (RN), Arievaldo Viana (CE), Crispiniano Neto (RN), Marco Haurélio (BA/SP), Rouxinol do Rinaré (CE), Moreira de Acopiara (CE/SP), Costa Senna (CE/SP) e Gonçalo Ferreira (CE/RJ).

Nas artes gráficas e visuais, grandes nomes da xilogravura como Stênio Diniz, João Pedro do Juazeiro, José Lourenço e do consagrado ilustrador Jô Oliveira, cuja obra é referenciada na xilogravura e arte cerâmica do Mestre Vitalino, estarão expondo seus trabalhos e ministrando oficinas. Destaque para novos valores da gravura como Nireuda Lomgobardi e Valdério Soares.

As oficinas Como se faz cordel, Como se faz repente e Como se faz xilogravura serão ministradas por grandes nomes do cordel, pelo repentista e cordelista Crispiniano Neto, pela escritora e cordelista Arlene Holanda, Lenice Gomes e xilogravadores. Serão 18 oficinas com vagas para 16 pessoas, cada. As inscrições estarão abertas a partir das 13h do dia 26 de agosto no espaço.

Os painéis, palestras e rodas de conversa destacarão os contextos socioculturais que permeiam as manifestações do cordel e do repente e sua interação com outras linguagens na contemporaneidade. Tratarão ainda de temas ligados à educação, como o uso do cordel em sala de aula. Entre os palestrantes, além dos já citados cordelistas, repentistas e xilogravuristas, têm destaque os pesquisadores Assis Ângelo (PB/SP), Alice Amorim (PE), Arlene Holanda (CE), Crispiniano Neto (RN), Fábio Cardoso (SP), Fabiano dos Santos (CE) e Josy Maria (CE).

(Foto – Paulo MOska)