RIO
– O 41.º Batalhão da Polícia Militar (Irajá) havia se tornado um dos principais
alvos de denúncias apresentadas pela a vereadora Marielle Franco (PSOL), cujo
mandato era focado no combate ao racismo e à violência de gênero e na defesa de
minorias, como o público LGBT.
No
sábado, divulgando denúncias de lideranças da favela de Acari, da zona norte,
ela publicou nas redes sociais: “O que está acontecendo agora em Acari é um
absurdo! O 41.° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da Morte. CHEGA de
matarem nossos jovens”. Pouco mais tarde, ela publicou sobre a suposta morte de
dois jovens por PMs do batalhão – que não é confirmada pela corporação.
O
batalhão é acusado por moradores de truculência. De 2013 a 2016 (último dado
disponível), o total de autos de resistência – quando o policial mata
supostamente em legítima defesa – passou de 51 para 117. Em 2016, o 41.º foi
recordista no Estado de ocorrências do tipo.
PMs
do 41.º são acusados de envolvimento na chacina de Costa Barros, há dois anos.
Na ocasião, cinco jovens de 16 a 25 anos foram mortos dentro de um carro. O
veículo foi atingido 111 vezes. Outro episódio violento que envolveu agentes do
batalhão foi o homicídio de Maria Eduarda, de 13 anos, morta no ano passado, no
pátio da escola onde estudava, em Acari, em operação do 41.º BPM.
Denúncias.
Marielle divulgava denúncias feitas pelas lideranças comunitárias de Acari que
já haviam sido apresentadas ao Observatório da Intervenção. O grupo, criado por
iniciativa da Universidade Candido Mendes, é formado por entidades da sociedade
civil para acompanhar a ação federal. A vereadora fazia parte do grupo.
Na
última terça, Marielle voltou às redes para denunciar, desta vez na comunidade
do Jacarezinho, também na zona norte: “Mais um homicídio de um jovem que pode
estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja.
Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?”.
Procurada
pelo Estado para comentar as denúncias, a PM não respondeu.Para lembrar: juíza
foi morta com 21 tiros. Em 2011, a juíza Patrícia Acioli foi morta a tiros em
Niterói, na Grande Rio. Onze policiais foram condenados. Patrícia, de 47 anos,
foi atingida por 21 disparos em uma emboscada, quando chegava em casa de carro.
Considerada
destemida e linha-dura, atuava na 4.ª Vara Criminal de São Gonçalo e foi
responsável pela prisão de cerca de 60 policiais ligados a grupos de milícia e
de extermínio. Estava jurada de morte à época do crime.
Ela
recebia ameaças regulares e chegou a ter proteção policial, que foi reduzida
aos poucos, sob alegação de não haver risco iminente. Os envolvidos no crime
foram condenados a penas de até 36 anos de prisão
Fonte:ISTOÉ