Mesmo
detidos na Penitenciária Central do Estado (PCE), os líderes da maior facção
criminosa do estado, Comando Vermelho (CV), conseguem articular e organizar um
grande esquema financeiro com o tráfico de drogas. Com ajuda de esposas,
namoradas e até familiares mais próximos, os criminosos planejaram uma
engenhosa rede de crimes e até aberturas de empresas de fachadas para compra e
venda de entorpecentes.
Investigações
realizadas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Diretoria
de Inteligência da Polícia Civil, descobriram que o casal Janderson dos Santos
Lopes, conhecido como “Cowboy”, e a sua esposa Thais Emilia Siqueira Silva,
abriram uma empresa de transportes para lavar o dinheiro do tráfico.
O “empreendimento” que tinha o nome
“T.E.S". Transpostes” estava no nome de Thais. Em um ano e meio, a mulher
movimentou cerca de R$ 1,5 milhão com a venda de drogas. Durante a investigação
foi descoberto que eles faziam trabalho de frete com caminhões adquiridos para
essa empresa de fachada. Porém, existe a possibilidade de que esses veículos
pesados tenham feito o transporte de drogas para outros estado e até para
outros países.
Cowboy e Thais foram alvos da maior operação
já realizada pela Polícia Civil de Mato Grosso, intitulada “Red Money”. A ação
foi deflagrada no dia 8 de agosto em Cuiabá e em outras cidades de Mato Grosso.
O intuito era desmantelar um engenhoso esquema financeiro da organização
criminosa. Durante os trabalhos, cerca de R$ 50 milhões em dinheiro e bens
foram apreendidos.
O casal era monitorado por tornozeleira
eletrônica e foi preso na residência onde morava, no bairro Dom Aquino. Em
2016, Cowboy foi alvo da operação “Três Estados” deflagrada pela Delegacia Especializada
de Repressão a Entorpecentes (DRE). Na ocasião, ele e mais 14 traficantes foram
presos acusados de abastecer o comércio ilícito de entorpecente na Grande
Cuiabá. Também eram acusados de transportar drogas para Rondônia. Ao longo da
investigação, mais de 300 quilos de entorpecentes foram apreendidos.
A operação denominada "Três Estados"
faz referência aos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. A
quadrilha buscava a maconha na divisa de Mato Grosso do Sul com o Paraguai,
trazia para Mato Grosso e fazia a distribuição para grandes e pequenos
traficantes, donos de "bocas de fumo" de Várzea Grande e Cuiabá. Eles
ainda tinham uma logística para o envio de droga a alguns municípios de
Rondônia.
Janderson é condenado por tráfico de drogas.
Além disso, ele é considerado o fornecedor de entorpecentes da Penitenciária
Central do Estado (PCE). Durante as investigações, ele foi apontado como uma
das lideranças da parte financeira do Comando Vermelho e comparsa de Francisco
Soares Lacerda (Brasília) e Jonas Souza Gonçalves Junior (Batman), principais
líderes da parte financeira da facção criminosa.
Operação Red Money
Todas as informações foram colhidas durante as
investigações da “Operação Red Money”. Deflagrada na quarta-feira (8), a
operação teve o intuito de apreender o patrimônio e descapitalizar o
“financeiro” do Comando Vermelho. De acordo com a investigação, a organização
desenvolveu um sistema de arrecadação financeira próprio, criando assim um
grande esquema de movimentação financeira e lavagem de dinheiro, com utilização
de empresas de fachadas, contas bancárias de terceiros e parentes de
presos.
Além da taxa de segurança, os agentes
descobriram que haviam outros dois “recursos” para a arrecadação de dinheiro
para a facção criminosa. O cadastramento de novos faccionados e o pagamento de
mensalidades por traficantes para a instalação de bocas de fumo também era uma
outra maneira dos criminosos angariarem dinheiro para a facção.
A operação cumpriu 94 mandados de prisão. Sob
a coordenação Diretoria de Inteligência e da GCCO, a Justiça expediu mais de
230 ordens judiciais. Além das prisões preventivas, sendo 59 buscas e
apreensão, 80 ordens judiciais de bloqueios de contas correntes, além de
sequestro de bens (veículos, joias, imóveis urbanos e rurais) e valores.
No período de um ano e meio (01/06/2016 a
18/01/2018), entre entradas e saídas de 44 contas investigadas na operação,
foram identificados movimentação de aproximadamente R$ 52 milhões.
Por: LUIS VINICIUS