segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Com a presença de Lula, PT discute defesa de ex-presidente e crise




SÃO PAULO - O Conselho Político da presidência do PT se reuniu na manhã desta segunda-feira no Hotel Grand  Mercure Ibirapuera, na zona Sul de São Paulo, para discutir a linha de defesa para as acusações contra a principal liderança do partido, o ex-presidente Lula, que vem sendo alvo de investigações relacionadas a imóveis e empresas de seus filhos. Ao final do encontro, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, classificou as denúncias contra o ex-presidente como “infundadas” e “ilações sem fundamento”.

 
— O sítio tem escritura, nome de proprietário, e o proprietário faculta a visita a este sítio a quem ele quiser. Principalmente ao ex-presidente Lula, com que um dos proprietários praticamente foi criado, desde sua infância — disse Rui Falcão, mencionando o empresário Fernando Bittar, um dos donos do sítio, de acordo com o registro do cartório de imóveis de Atibaia.
Lula participou do encontro desta segunda-feira, ao lado dos governadores Camilo Santana (CE), Wellington Dias (PI), Tião Viana (AC), do prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e de intelectuais e escritores ligados ao partido, como Emir Sader, Fernando Morais e Eric Nepomuceno. Estiveram presentes, ainda, sindicalistas e economistas colaboradores do PT. Integrantes do conselho, os governadores Fernando Pimentel (MG) e Rui Costa (BA) não foram ao encontro.

A Polícia Federal e o Ministério Público investigam se Lula seria o real beneficiário de melhorias realizadas no sítio pelas construtoras OAS e Odebrecht, ambas investigadas no âmbito da Operação Lava-Jato. Documentos da Presidência da República apontam que Lula visitou o lugar 111 vezes entre janeiro de 2012 e o início deste ano. O endereço também teria recebido parte da mudança do ex-presidente quando ele deixou o Planalto, no início de 2011.

Segundo Rui Falcão, atribuir o sítio a Lula é uma “inversão de valores e uma inversão dos fatos”.

— As pessoas têm que provar que são inocentes. No caso, embora a escritura esteja registrada em cartório em nome de outra pessoa, o presidente Lula é que tem que provar que não é dele
 — disse o presidente do PT.

Perguntado se os indícios levantados até agora pela imprensa seriam indicativos de problemas na relação de Lula com o imóvel, Falcão respondeu:

— São ilações sem fundamento, direcionada contra uma pessoa, contra todas as evidências.
No início da entrevista coletiva, Falcão disse que o debate sobre a defesa de Lula não teria sido pauta da reunião, que participou do encontro.


— Isso não ocorreu isso não estava na pauta, isso não foi mencionado. Quem antecipou essa informação antecipou por conta e risco.

A fala contradiz o que escreveu o presidente do partido em texto divulgado pela manhã desta segunda-feira, no site do partido e em seu perfil de uma rede social: “As ameaças crescentes ao Estado Democrático de Direito, a ofensiva reacionária para criminalizar o PT e a escalada de ataques contra o ex-presidente Lula são temas prioritários na reunião do Conselho Político da Presidência do PT”, dizia o texto escrito por Falcão.

No sábado, a presidente Dilma Rousseff  defendeu Lula e afirmou que o ex-presidente está sendo “objeto de uma grande injustiça”. Foi a primeira vez que Dilma se pronunciou sobre as denúncias contra seu antecessor.