O
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, planeja encerrar as investigações
sobre as supostas organizações criminosas formadas por partidos políticos antes
do término do seu mandato, em meados de setembro.
O
objetivo é oferecer ao menos quatro denúncias, com base na primeira "lista
do Janot" de 2015, contra o PP, PT e PMDB — neste último, serão duas
denúncias, uma contra o grupo da Câmara e outra contra o grupo de senadores.
A
expectativa, segundo fontes com acesso às investigações, é de que com essas
denúncias Janot consiga deixar a Procuradoria-Geral da República com os
políticos já na fila para se tornarem réus no STF (Supremo Tribunal Federal).
Delações
Com
base nas delações do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento
da Petrobrás Paulo Roberto Costa, Janot abriu um inquérito em 2015 para apurar
crime de formação de quadrilha de parlamentares dos três partidos. Com o
andamento da investigação, ele decidiu desmembrar o inquérito em investigações
separadas.
Dentre
as quatro acusações formais que estão sendo produzidas, a que está em um
estágio mais avançado é a contra os integrantes do PP.
Lula
No
inquérito sobre o PT, estão entre os investigados o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, os ex-ministros Jaques Wagner, Antonio Palocci e Ricardo
Berzoini.
Já
o inquérito sobre o PMDB da Câmara deverá envolver o presidente Michel Temer,
uma vez que a Procuradoria-Geral da República solicitou que seu nome seja
incluído no rol de investigados. Em relação ao PMDB do Senado, o jornal O Estado
de S. Paulo mostrou em março que as revelações da Odebrecht reforçaram a
investigação.
Para
os procuradores, a narrativa deu peso à tese de que há um comando político para
usar do seu poder com o objetivo de obter recursos indevidamente. São investigados
os senadores Romero Jucá (RR), Edison Lobão (MA) e Renan Calheiros (AL).
Procurada
pela reportagem, a direção do PT informou que não iria se manifestar. Já os
outros partidos não responderam aos contatos.
Partilha
Uma
questão a ser enfrentada pelo Ministério Público será estabelecer qual dos
partidos exercia liderança no esquema criminoso na Petrobrás e em seus
desdobramentos. Um investigador ouvido pelo Estado disse que será difícil fazer
juízo de valor, já que os supostos grupos criminosos não se organizavam de
forma hierárquica.
Para
esse investigador, o exercício do poder era episódico a depender da área de
influência e dos interesses de cada grupo. A organização seria mais parecida
com um sistema de partilha do que com uma hierarquia verticalizada, com um
partido sempre comandando os outros.
As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.