terça-feira, 22 de agosto de 2017

Janot pede impedimento de Gilmar em casos do ‘Rei do ônibus’

LADOS OPOSTOS -  Para o ministro Gilmar Mendes, do STF, o país corre o risco de “despencar para um modelo de Estado policial”. Para o procurador-geral Rodrigo Janot, vivemos um excesso de hipocrisia


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu nesta segunda-feira (21) à presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, que o ministro Gilmar Mendes seja impedido de relatar dois habeas corpus de investigados na Operação Ponto Final e sejam anuladas as decisões dele que, na semana passada, soltaram o empresário do setor de transportes Jacob Barata Filho e o ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) Lélis Teixeira. Os dois foram presos na Ponto Final, desdobramento da Operação Lava Jato no Rio.

Nas petições, encaminhadas à presidente da Corte a pedido da força-tarefa da Lava Jato carioca, Janot argumenta que “não resta dúvida” de que as famílias de Gilmar Mendes e de Barata Filho, têm “vínculos pessoais”. “Os vínculos são atuais, ultrapassam a barreira dos laços superficiais de cordialidade e atingem a relação íntima de amizade”, afirma o procurador-geral.

Rodrigo Janot cita que, em 2013, Gilmar e sua mulher, Guiomar Mendes, foram padrinhos no casamento de Beatriz Barata, filha do “Rei do ônibus”, com Francisco Feitosa Filho, sobrinho de Guiomar; que Jacob Barata Filho é sócio de Francisco Feitosa de Albuquerque Lima, cunhado do ministro do STF; que o telefone da mulher de Gilmar consta na agenda do celular do empresário e, além destes, que o escritório do advogado Sérgio Bermudes, no qual Guiomar Mendes trabalha, representa empresas de Barata Filho e Lélis Teixeira.


“Tudo isso compromete a isenção do ministro na apreciação da causa, ou, no mínimo, abalam a crença nessa imparcialidade”, argumenta Janot.