O presidente Michel Temer durante jantar com o presidente
americano Donald Trump, em Nova York - 18/09/2017 (Beto Barata/PR)
Em
seu segundo discurso como presidente na Assembleia Geral da ONU, o presidente
Michel Temer irá evitar, nesta terça-feira, as questões políticas que têm
afligido o governo e tentar mostrar um país que vem retomando o crescimento
econômico e está de volta ao cenário internacional.
A
ideia de vender o Brasil como um país estável, apesar das turbulências
políticas, está clara na programação de Temer e dos ministros que o acompanham
na viagem a Nova York.
Além
de passar o recado para uma plateia majoritariamente de chefes de Estado na
ONU, o presidente falará a investidores em um evento organizado pelo jornal Financial
Times. Temer também terá um encontro com investidores estrangeiros organizado
pelo Conselho das Américas, ainda nesta terça.
Temer
chegou na noite de segunda-feira a Nova York e teve como primeiro compromisso
um jantar organizado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, para tratar
da crise na Venezuela. Nesta terça, o presidente abre a sequência de discursos
de chefes de Estado na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas,
posição que tradicionalmente cabe ao Brasil.
Em
sua fala, Temer deve repetir, mesmo sem detalhes aprofundados, que o Brasil
está saindo da recessão e se recuperando economicamente, e está aberto a
investidores.
Temer
também deve tratar, em sua fala, da defesa da democracia e dos direitos humanos
e reforçar que a adesão do Brasil às “liberdades democráticas” é inegociável.
Em
2016, logo após assumir definitivamente o cargo de presidente com o impeachment
da ex-presidente Dilma Rousseff, Temer usou a tribuna da ONU para defender a
legalidade de seu governo.
O
presidente disse, à época, que o Brasil acabava de “atravessar processo longo e
complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema Corte brasileira,
que culminou em um impedimento… dentro do mais absoluto respeito
constitucional”.
Dessa
vez, o recado será voltado mais para a vizinha Venezuela, que enfrenta grave
crise política e econômica. Na reunião com Trump, o presidente brasileiro,
assim como os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e do Panamá, Juan
Carlos Varela, e a vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, se opuseram
a “ações externas”, como uma intervenção, como uma solução para o país, mas se
comprometeram com Trump a continuar pressionando o governo venezuelano.
Temer
deve defender ainda em seu discurso o pacto pela proibição das armas nucleares.
O tratado, proposto por Brasil e outros cinco países — México, Nigéria, África
do Sul, Áustria e Irlanda — será assinado na quarta pela manhã como uma
proposta oficial da ONU. No entanto, nenhum dos países que possuem de fato
armas nucleares, inclusive os Estados Unidos, se comprometeu com o tratado.
Nesta
terça, além da abertura da Assembleia Geral, o presidente terá uma série de
encontros bilaterais com outros líderes. Entre eles, com o primeiro-ministro de
Israel, Benjamin Netanyahu, com o presidente palestino, Mahmoud Abbas, e o
presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi.
(Com
agência Reuters)