segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Beira-Mar usou rede de doleiros que lavou R$ 8,5 bi na fronteira com Paraguai, diz MPF.

O narcotraficante Fernadinho Beira-Mar está preso há 11 anos em presídios federais

O narcotraficante Luís Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, foi um dos "clientes" de uma rede de doleiros que movimentou R$ 8,5 bilhões durante a última década para criminosos do Brasil e do Paraguai.

A informação é do procurador da República João Vicente Beraldo Romão, responsável por denunciar 34 pessoas no âmbito da Operação Hammer-on, que investiga crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e organização criminosa, O esquema dos doleiros era dividido em cinco núcleos que atuavam de maneira interdependente nas cidades de Curitiba e Foz do Iguaçu (PR) e tinha participação de agências de câmbio do Paraguai.

"A denúncia indica diversos clientes do esquema, espalhados pelo Brasil todo e envolvidos com as mais variadas práticas criminosas", afirmou Romão, por e-mail. “Exemplificativamente”, os investigados nas operações Cavalo de Fogo, Aletria, Pecúlio e Scriptus (esquema do traficante Luís Fernando da Costa, o 'Fernandinho Beira-Mar') valeram-se do esquema.

"O esquema se configura quando o operador realiza a compensação entre valores que recebe no Brasil e valores que possui no exterior, sem que haja a transgressão física de fronteiras e sem qualquer vinculação aparente entre as operações  financeiras nacionais e internacionais. O objetivo final do valor movimentado era a remessa ilegal ao exterior", diz o procurador.

Polícia encontrou bilhetes com ordens de Beira-Mar

Citada pelo procurador, a Operação Scriptus foi deflagrada em dezembro de 2011 pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. A investigação começou um ano antes, após policiais encontrarem, durante a ocupação do complexo de favelas do Alemão, 14 pedaços de papel pautado que continham manuscritos com ordens de Beira-Mar, à época no presídio federal de Campo Grande (MS)


A partir daí, a polícia descobriu como um dos chefes do Comando Vermelho organizava seu esquema de tráficos de drogas e de armas e como lavava dinheiro oriundo do crime. Somente em uma das contas atribuídas ao narcotraficante havia um saldo de R$ 20 milhões.

Comandar o tráfico de dentro de presídios federais tornou-se um costume para Beira-Mar, ele está preso há 11 anos nas unidades de segurança máxima administradas pelo Departamento Penitenciário Nacional. Em 2008, ele foi condenado, á 29 anos pelo juiz federal Sergio Moro, por comandar uma quadrilha de tráfico de drogas, a partir de sua cela no presídio federal de Catanduvas (PR). 


Flávio Costa Do UOL, em São Paulo...