O narcotraficante Luís Fernando da Costa, mais conhecido como
Fernandinho Beira-Mar, foi um dos "clientes" de uma rede de doleiros
que movimentou R$ 8,5 bilhões durante a última década para criminosos do Brasil
e do Paraguai.
A informação é do procurador da República João Vicente
Beraldo Romão, responsável por denunciar 34 pessoas no âmbito da Operação
Hammer-on, que investiga crimes contra o sistema financeiro, lavagem de
dinheiro e organização criminosa, O esquema dos doleiros era dividido em cinco núcleos que
atuavam de maneira interdependente nas cidades de Curitiba e Foz do Iguaçu (PR)
e tinha participação de agências de câmbio do Paraguai.
"A denúncia indica diversos clientes do esquema,
espalhados pelo Brasil todo e envolvidos com as mais variadas práticas
criminosas", afirmou Romão, por e-mail. “Exemplificativamente”, os investigados
nas operações Cavalo de Fogo, Aletria, Pecúlio e Scriptus (esquema do
traficante Luís Fernando da Costa, o 'Fernandinho Beira-Mar') valeram-se do esquema.
"O esquema se configura quando o operador realiza a
compensação entre valores que recebe no Brasil e valores que possui no
exterior, sem que haja a transgressão física de fronteiras e sem qualquer
vinculação aparente entre as operações
financeiras nacionais e internacionais. O objetivo final do valor
movimentado era a remessa ilegal ao exterior", diz o procurador.
Polícia encontrou bilhetes com ordens de Beira-Mar
Citada pelo procurador, a Operação Scriptus foi deflagrada em
dezembro de 2011 pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. A investigação começou
um ano antes, após policiais encontrarem, durante a ocupação do complexo de
favelas do Alemão, 14 pedaços de papel pautado que continham manuscritos com
ordens de Beira-Mar, à época no presídio federal de Campo Grande (MS)
A partir daí, a polícia descobriu como um dos chefes do
Comando Vermelho organizava seu esquema de tráficos de drogas e de armas e como
lavava dinheiro oriundo do crime. Somente em uma das contas atribuídas ao
narcotraficante havia um saldo de R$ 20 milhões.
Comandar o tráfico de dentro de presídios federais tornou-se
um costume para Beira-Mar, ele está preso há 11 anos nas unidades de segurança
máxima administradas pelo Departamento Penitenciário Nacional. Em 2008, ele foi
condenado, á 29 anos pelo juiz federal Sergio Moro, por comandar uma quadrilha
de tráfico de drogas, a partir de sua cela no presídio federal de Catanduvas
(PR).
Flávio Costa Do UOL, em São Paulo...