A Polícia Federal de Campos, cidade localizada no norte do
Rio, prendeu nesta quarta-feira 22 o ex-governador do estado Anthony Garotinho
(PR) e a mulher dele, Rosinha Garotinho. A prisão aconteceu no dia em que a PF
realiza uma operação na qual um dos alvos é o ex-secretário de governo na
gestão Rosinha. Ela foi governadora de 2003 a 2007.
A informação foi confirmada pela filha dos dois, a secretária
municipal de Desenvolvimento do Rio, Clarissa Garotinho, em entrevista à rádio
CBN.
Garotinho foi levado para a sede da Polícia Federal no Rio,
na Zona Portuária. Rosinha está na cidade de Campos. O pedido foi feito pelo
Ministério Público Eleitoral, que apura a arrecadação de dinheiro ilícito para
o financiamento da campanha dos dois.
A investigação é um desdobramento da Operação Chequinho, que
apura fraude com fins eleitorais no programa Cheque Cidadão por Garotinho. A
defesa de Anthony Garotinho informou que que só se pronunciará quando tiver
acesso aos documentos que embasaram o mandado de prisão do ex-governador, “o
que ainda não aconteceu”.
Outras prisões
Não é a primeira vez que Anthony Garotinho é preso. A última
prisão foi em setembro, quando apresentava o programa que ancora na Rádio Tupi.
Garotinho foi preso e condenado pela Justiça Eleitoral por comandar um esquema
de fraude eleitoral na época em que era secretário de Governo de Campos.
Segundo o Ministério Público, Garotinho oferecia inscrições no programa Cheque
Cidadão, que dá 200 reais por mês para cada beneficiário, em troca de votos.
Anthony Garotinho também foi preso em novembro do ano
passado, durante a Operação Chequinho, que já investigava o esquema no programa
Cheque Cidadão. Depois da prisão, Garotinho passou mal e foi levado a um
hospital do Rio. De lá, ele foi levado à força, por decisão judicial, para uma
unidade de saúde dentro de uma penitenciária de Bangu. O ex-governador
conseguiu uma autorização para realizar uma cirurgia no coração em um hospital
particular. Depois disso, foi cumprir prisão domiciliar.
Defesa
A defesa de Anthony Garotinho divulgou nota afirmando que ele
é vítima de uma perseguição por ter denunciado um esquema envolvendo o
ex-governador Sérgio Cabral na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e
irregularidades supostamente praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter.
Garotinho se diz inocente, assim como os demais acusados na operação desta quarta-feira,
e ainda diz que é ameaçado pelo presidente afastado da Alerj, Jorge Picciani,
que ontem voltou à cadeia de Benfica.
Leia a nota na íntegra:
“Querem calar o Garotinho mais uma vez. O ex-governador
Anthony Garotinho atribui a operação de hoje a mais um capítulo da perseguição
que vem sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Assembleia
Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter.
O ex-governador afirma que tanto isso é verdade que quem
assina o seu pedido de prisão é o juiz Glaucenir de Oliveira, o mesmo que
decretou a primeira prisão de Garotinho, no ano passado, logo após ele ter
denunciado Zveiter à Procuradoria Geral da República.
Garotinho afirma ainda que nem ele nem nenhum dos acusados
cometeu crime algum e, conforme disse ontem no seu programa de rádio, foi
alertado por um agente penitenciário a respeito de uma reunião entre Sergio
Cabral e Jorge Picciani, durante a primeira prisão do deputado em Benfica. Na
ocasião, o presidente da Alerj teria afirmado que iria dar um tiro na cara de
Garotinho.
Agora, a ordem de prisão do juiz Glaucenir é para que
Garotinho vá com sua esposa para Benfica, justamente onde estão os presos da
Lava Jato.
“Cabe frisar que essa a operação à qual Garotinho e Rosinha
respondem não tem relação alguma com a Lava Jato.”