sexta-feira, 2 de março de 2018

Facção paulista se une a quadrilhas do RJ que tentam tomar tráfico na Rocinha


Passarela na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (Foto: Felipe Dana/AP) Documentos do sistema penitenciário do RJ e do serviço de inteligência que apoia a intervenção federal na segurança do estado mostram que o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, articulou novas alianças para expandir a atuação de seu grupo criminoso no Rio. Uma das áreas em questão é a Rocinha, favela mais populosa da cidade e localizada entre bairros nobres, como Leblon e São Conrado.

Nem é um dos chefes da facção Amigos dos Amigos (ADA) e está preso em uma penitenciária federal em Porto Velho (RO). Recentemente, entrou em guerra com Rogério 157, de quem foi aliado e que deixou a ADA para se unir ao Comando Vermelho (CV) – facção da qual Nem tenta tirar o controle do tráfico de drogas na Rocinha.

Nem firmou acordo da ADA com o Terceiro Comando Puro (TCP) para formar o TCA (Terceiro Comando dos Amigos). A nova facção se aliou ao Primeiro Comando da Capital (PCC), principal grupo criminoso de São Paulo que rompeu seu acordo de trégua com o CV. Com essa parceria, a quadrilha passou a ser chamada nos presídios de TCA-1533 (os números são uma referência ao PCC).

Mesmo preso, Nem financiou a compra de 200 fuzis para a quadrilha ao custo de R$ 7 milhões, segundo os órgãos de inteligência. O armamento foi recebido no ano passado na favela de Acari, na Zona Norte da cidade. Segundo os documentos da Seap e da inteligência federal, o PCC também repassa armas e drogas para o TCA-1533 em diferentes pontos da capital e interior do RJ.

A formação do TCA-1533 vem sendo acompanhada pelos serviços de inteligência da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e pelo governo federal. Segundo os investigadores, nos últimos dias de dezembro de 2017, no interior do presídio Jonas Lopes de Carvalho, Bangu 4, chefes da ADA confirmavam o acordo iniciado em 2016 com integrantes do TCP e criavam o Terceiro Comando dos Amigos.

Os documentos obtidos pelo G1 mostram que os traficantes presos uniram as duas quadrilhas e ainda contaram com a briga do PCC com o Comando Vermelho para obter o apoio financeiro da facção paulista.

Formação
O TCA-1533 começou a se desenhar quando, em 2016, integrantes do PCC romperam a parceria com o Comando Vermelho, considerada a maior facção carioca. Na ocasião, 120 detentos de São Paulo que cumpriam pena em três presídios pediram a transferência para unidades chamadas de "neutro". Todos dividiam unidades com o CV.

Por determinação do então subsecretário Sauler Sakalem foi tomado um procedimento diferente: os presos do PCC foram enviados para Bangu 4, onde ficam os detentos da ADA. O acordo entre as duas facções se consolidou.

Criminosos em liberdade e parentes passaram a ir morar em comunidades dominadas pela ADA como o Morro de São Carlos, na região central do Rio, e a favela da Rocinha, na Zona Sul.


Fonte:G1