Wilson Trajano, 50 anos: vida de crimes no Ceará e noutros estados do Nordeste
Um dos bandidos considerados mais
violentos e perigosos do Ceará e da Região Nordeste foi transferido,
ontem (8), do Rio Grande do Norte para o presídio federal de segurança
máxima de Catanduvas, no Paraná. Ele é apontado como um dos “cabeças” da
onda de atentados contra forças de Segurança Pública e transportes
coletivos em Natal e outras 30 cidades potiguares nas últimas duas
semanas, em represália à instalação de bloqueadores de celulares no
Presídio de Parnamirim (RN).
O cearense José Wilson Trajano de Freitas é acusado
de uma série de crimes no Ceará e noutros Estados nordestinos,
principalmente Rio Grande do Norte, Paraíba e em Pernambuco. Apontado
como membro do PCC (Primeiro Comando da Capital) e chefe de uma
quadrilha interestadual de assaltantes de bancos, ladrões de cargas,
traficantes de drogas e sequestradores, o bandido foi recapturado no mês
passado no litoral Sul potiguar, após uma fuga espetacular na
Penitenciária de Alcaçuz, em Natal.
Jaguaribe
A fuga de Trajano ocorreu em junho. Juntamente com outros 32
presidiários, ele escapou da unidade carcerária onde cumpria pena de 16
pelo sequestro de um empresário rio-grandense. No Ceará, o
criminoso é acusado de um “rosário” de crimes no Vale do Jaguaribe,
incluindo assassinatos e roubo a bancos.
A longa ficha criminal do banido cearense inclui, inclusive,
confrontos com a Polícia. Em deles, em plena BR-116, no Município de
Russas (a 163Km de Fortaleza), o bandido recebeu vários tiros de
metralhadora num confronto com uma equipe de agentes da Polícia Federal
que estavam no seu encalço após um assalto a bancos. Por conta disso, o
criminoso passou vários meses preso a uma cadeira de rodas, mas se
recuperou e voltou a praticar crimes.
Entre os crimes no Ceará, uma chacina ocorrida na madrugada do dia 3
de junho de 1998, quando seu grupo – comandado pessoalmente por ele –
invadiu uma fazenda na zona rural de Tabuleiro do Norte (a 209Km da
Capital cearense) e matou várias pessoas em vingança pela morte de um
comerciante em Jaguaretama. Trajano foi contratado para comandar a
pistolagem.
Sequestros
No Ceará, o bandido foi preso em 2006, numa operação da Divisão
Antissequestro (DAS), na época comandada pelo delegado Jaime de Paula
Pessoa Linhares, após o seqüestro de um empresário gaúcho, do ramo de
fruticultura, na cidade de Limoeiro do Norte (a 205Km de Fortaleza). Na
época, o refém passou por vários cativeiros e ficou em poder do bando de
Wilson Trajano por 56 dias, até ser libertado pela Polícia cearense, no
Rio Grande do Norte. A família foi obrigada a pagar o resgate.
Já no Rio Grande do Norte, Trajano comandou o seqüestro do empresário
Fábio Porcino Júnior, o “Fabinho Porcino”, em Mossoró (RN), em junho de
2013. A vítima atuava no ramo de vaquejadas, shows e revenda de
veículos. Depois desse seqüestro, Wilton Trajano acabou preso numa
operação da Polícia Federal em Macapá, no Estado do Amapá. Após três
anos preso, ele fugiu do Presídio de Alcaçuz, até ser recapturado,
recentemente, no Município de Canguaretama, litoral Sul do Rio Grande do
Norte. De volta á cadeia, comandou os atentados em Natal e no Interior
potiguar, por ordem do PCC.
Por FERNANDO RIBEIRO