A presidente Dilma Rousseff do (PT) e a candidata do PSB, Marina Silva,
entenderam a mensagem das últimas pesquisas de opinião da eleição presidencial.
Em situação de empate técnico em primeiro turno - e com dez pontos de
separação, a favor de Marina, na simulação de segundo turno - elas já
praticam tentativas de desconstruir uma a outra, para obter votos sobre os
correspondentes desgastes.
-
Eu sou persistente, avisa Marina.
-
Eu acredito no Brasil e vou defender o meu governo, anuncia Dilma.
No
início da noite desta segunda-feira 1, as duas adversárias levaram para o
estúdio principal do SBT, em São Paulo, no debate organizado pela emissora, o
jornal Folha de S. Paulo, o portal UOL e a rádio Jovem Pan estratégias
praticamente iguais: ataque e defesa, de acordo com as circunstâncias.
Abrindo,
por sorteio, a primeira série de perguntas, Dilma logo dirigiu para Marina.
"Como a Sra. vai pagar pelas suas promessas de campanha?", quis saber
a presidente, que calculou em R$ 140 bilhões os custos dos programas
apresentados por Marina até aqui para Saúde, na qual prometeu investir 10% do
Orçamento da União, e Educação, em que se comprometeu com outros 10% do total
de gastos do governo.
-
Vou racionalizar os gastos públicos e administrar de forma não cartesiana,
respondeu Marina que, no entanto, foi confrontada pela presidente, numa segunda
rodada, sobre o fato de estar relegando o pré-sal, explorado pela Petrobras,
como forma de arrecadar recursos para a área social. Marina chegou a dizer que
o petróleo é um 'mal necessário" e que sua prioridade é sustentar o
programa do etanol e de fontes alternativas de energia.
-
O Brasil hoje é o segundo maior parque do mundo em instalações de torres de
energia eólica, lembrou a presidente. Na direção de Marina, Dilma questionou:
-
Por que a sra. despreza a riqueza do pré-sal que é tão cobiçada pelo mundo
todo?, questinou Dilma.
-
Eu acredito que a cadeia tecnológica do petróleo é importante, mas acho que
temos de estar não somente onde a bola está, mas onde ela vai estar, disse
Marina sobre fontes alternativas de energia.
Neste
segundo embate, o primeiro depois da situação de empate técnico entre Dilma e
Marina, a presidente foi nitidamente mais assertiva. Ela não teve receio em
dirigir perguntas diretas à ex-ministra e citou, de memória e também sob
consulta de papeis, uma série de dados sobre sua administração.
-
A candidata tem dificuldade em reconhecer seus erros, alfinetou Marina, com sua
forma enfática de falar, vestida de braço.
De
blazer vermelho, Dilma afirmou que Marina não terá sucesso sem ampliar sua
própria base política.
-
Eu apostei na governabilidade, disse Dilma. A sra. não vai conseguir nada no
Congresso se não tiver apoio político, se não fizer negociações. Sem isso, nada
anda.
Marina
deixou de lado, durante todo o debate, a expressão 'nova política', que sofreu
forte desgaste por uma série de razões. Desde o jatinho sem dono em que voaram
o ex-governador Eduardo Campos e a própria Marina, até o fato de a candidata
não revelar os nomes das empresas que contrataram suas palestras, por um total
de R$ 1,6 milhão, nos últimos dois anos. O fato foi questionado pelo candidato
tucano Aécio Neves.
-
Eu não vejo problema em revelar os nomes, mas só as empresas que contrataram é
que podem fazer isso, respondeu Marina.
A
candidata socialista encaixou um bom golpe ao dizer que respeita o legado dos
presidentes Fernando Henrique e Lula, com o nítido sentido de ampliar sua base
de apoio. Dilma, em considerações finais após Marina, frisou que sua gestão é
de continuidade à de Lula.
Serão
assim, com intervenções pontuais do presidenciável do PSDB, que caiu para o
terceiro lugar nas pesquisas, citações aos dois ex-presidentes e mais embates
frontais entre Dilma e Marina, que ponteiam, as próximas etapas da campanha.
Fonte: 247 Brasilia