sexta-feira, 8 de junho de 2018

Qual o futuro de Ciro? E qual o futuro do PT?


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O pedetista Ciro Gomes e o PT de Lula, já parecem ter traçado seus destinos eleitorais neste 2018 e eles não se entrelaçam pelo menos até 7 de outubro, quando acontece o primeiro turno. Há necessidade e uma delicada administração do momento, porque a ansiedade percebida em muitos representantes de ambos os campos partidários pode inviabilizar o reencontro futuro de quem já foi aliado um dia, como resultado natural daquelas conversas que marcam a passagem entre uma etapa e outra do processo eleitoral. Percebe-se uma beligerância meio injustificável dos dois lados.

Ciro, sabemos nós, tem suficiente “talento” para complicar estratégias com ações e palavras atabalhoadas. Errou, por exemplo, quando cobrado por ter sido o único dos pré-candidatos alinhados à esquerda que não esteve com Lula durante a vigília pré-prisão no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, em abril. Na época, lembremos, saiu-se com a história de que não se sentia obrigado e tascou um desnecessário “não sou puxadinho do PT”.

Não é, de fato. Muito menos o PT precisa se sentir obrigado a definir seus passos considerando o que parece ser o melhor para Ciro. Este, na linha da esperteza, apressa os fatos para criar uma polarização conveniente com Jair Bolsonaro, exatamente para ocupar desde já um espaço que se poderá abrir com a provável ausência de Lula, a ser determinada em algum momento adiante pelas instâncias judiciais.

O político cearense passou a ser muito econômico com declarações de apoio real a Lula, pelo menos desde quando a situação agudizou-se e a ameaça de prisão contra ele, por exemplo, virou realidade.

Antes até se tinha um Ciro, ao melhor estilo Ciro, falando em radicalizar na estratégia em favor do líder petista levando-o para proteção de uma embaixada, “onde poderia se defender de forma isenta e plena” de uma eventual decisão judicial. Agora, prefere acompanhar a uma distância cômoda o sofrimento do amigo, recolhido às dependências da Polícia Federal em Curitiba.

De volta a Bolsonaro, o que chama atenção nos recentes ataques de Ciro, quando participava de uma sabatina em Brasília na última quarta-feira, é que eles vieram de graça, não havia pergunta envolvendo o nome do deputado para dar gancho à resposta na qual o pedetista compara o provável adversário a um “câncer que precisa ser extirpado” ou o define como “boçal despreparado”, Portanto, era roteiro previamente preparado por ele e seus pensadores de campanha, demonstrando que por alguma razão oportunista se entende que o espaço precisa ser ocupado imediatamente.

As pesquisas de até agora mostram que Lula permanece sendo, da extensa lista de pré-candidatos, o único que consegue disputar o voto do eleitor com Jair Bolsonaro, nome que amedronta por sua ideias esdrúxulas, quando não simplesmente erradas, mas também por um vazio de conteúdo assustador para um País que vive crise de proporções gigantescas. O petista, inclusive, o derrotaria até com certa folga, o que recomenda ainda mais cuidado no gerenciamento do momento atual. Mais à frente, caso sua candidatura tenha mesmo que ser descartada, o lado para onde pender pode ganhar peso decisivo. Ciro, com os silêncios errados e os barulhos inconvenientes, pode desperdiçar oportunidade que o destino até parece disposto a lhe oferecer mais uma vez.

Editor de Política do O POVO.